segunda-feira, 5 de julho de 2010

DUNGUISMO NUNCA MAIS! VEJA CONTEÚDO DO BLOG DO ERICH BETING, PUBLICADO NO SITE UOL NESTA SEGUNDA-FEIRA

A batalha entre o técnico e a imprensa

Acabou a era de uma batalha entre o treinador do time nacional e a imprensa. Dunga e Maradona representaram, nessa Copa do Mundo, a essência daquilo que jornalistas e futebolistas mais preconizam. Não existe amizade entre as duas partes. Ou, em tese, não deve existir. Dunga partiu do princípio de que é preciso reclusão para um time ir longe. Maradona foi quase na mesma linha. Quando eram jogadores, ambos tiveram sempre um relacionamento conflituoso com a mídia. E tentaram, ao longo do tempo como treinadores de suas seleções nacionais, seguir essa linha de conduta.

Ambos, agora, estão à procura do que fazer após a eliminação do Mundial. E, ao mesmo tempo, eles veem os treinadores de seus algozes, Alemanha e Holanda, transitarem tranquilamente com a mídia, sem qualquer notícia de conflito, reclusão ou mesmo retaliação (palavra que ambos adoram).

Nos quase 30 dias que estou aqui na África do Sul, já encontrei-me casualmente em pelo menos cinco ocasiões com os jogadores da Holanda pelas ruas de Sandton, bairro que concentra a maioria dos profissionais de mídia nesta Copa. Sem vigília ou preocupação com o assédio, Robben e cia. passeiam tranquilamente pelas lojas da região, tiram fotos, dão autógrafo... Ontem, Oscar Tabárez, treinador do Uruguai, dava entrevista a jornalistas no meio do gramado onde sua equipe treinava. Tranquilo, sorridente, permitindo que os atletas também tivessem essa aproximação com os veículos de imprensa.

Obviamente não é essa relação conflituosa com a mídia que faz o time não obter um bom resultado dentro de campo. Mas, sem dúvida, esse comportamento bélico se reflete diretamente na maneira como a mídia vai se comportar depois que o objetivo não é atingido. Maradona, pelo seu carisma e pela sua história no futebol argentino, teve uma espécie de salva-conduto da mídia. Não foi apedrejado por ter seguido seus princípios.

A história de Dunga não precisa nem repetir. Desde o início, ele lutou por suas convicções. Mas seria impossível que caísse em pé após tanta briga que comprou com a imprensa. Até mesmo a lacônica nota no site da CBF informando sobre sua demissão foi uma mostra de que dentro da própria entidade não se aguentava mais o estilo "brigão" do ex-treinador.

Sem dúvida que os quatro semifinalistas da Copa têm muito mais tranquilidade para trabalhar pela relativa liberdade que lhes é concedida. Não se espera uma festa todo dia dos atletas, mas também não se pode imaginar que, durante quase dois meses, as pessoas só terão de trabalhar, sem ao menos ter um ou outro dia para arejar a cabeça. Ninguém consegue, em seu emprego, ficar 60 dias enclausurado só pensando no que deve ser feito para o trabalho. A corda, sem dúvida, arrebenta.

Por Erich Beting às 05h35

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Erich Beting passou pela Folha de S.Paulo, foi repórter especial do diário Lance!, criou em 2005 a Máquina do Esporte, veículo pioneiro na cobertura dos negócios do esporte no Brasil e atua como comentarista do canal BandSports. É consultor editorial da Universidade do Futebol e professor dos cursos de pós-graduação em Gestão e Marketing Esportivo da Universidade Gama Filho, da Faculdade Trevisan e da Universidade Anhembi-Morumbi.

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